10/23/2008

Terceira Aula: Será que ele me vê?

Muita expectativa. É a primeira vez que estamos expostos aos comentários, às críticas. Será que meu leitor me vê da maneira como eu quero? É possível controlar aquilo que eu publico ou o texto se configura no espaço entre mim (ou a porção momentânea e fracionada de mim) e o outro que lê? Quantos outros eus estão inseridos na minha produção? Será que meu texto contém fragmentos de Dalí, de Caravaggio, de Lemiski, de Sérgio Sant'Anna?
Ainda é muito difícil comentar, criticar... A parte de mim que é delírio e vertigem começa a se insinuar querendo virar loucura...

Gabriela

10/09/2008

Segunda Aula: Narciso

No nosso segundo encontro, trabalhamos duas figuras: uma de Salvador Dali e outra de Caravaggio. Ambas tratavam do mesmo objeto, Narciso, por meio de perspectivas diferentes.
Diálogo de eus

Narciso é aquele rapazinho que se olhou no lago e desfaleceu de tanta vaidade!
Hum....é! Olhou sua imagem no lago, se apaixonou e caiu.
Não, não. Aí nasceu uma flor, a flor de Narciso....é isso mesmo!
Não foi isso que eu ouvi: dizem que ele se matou por desgosto, quando não pôde ter o amor da imagem que via no lago....
Nada, Narciso é aquela figura do Salvador Dali, o surrealista!
Isso mesmo...
não.....eu vou te contar!

Fragmentos de mim!

Lívia

10/06/2008

Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:

outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar

10/02/2008

Primeira Aula: Eles também nos observam...

Tenho comigo algumas folhas em branco. Pura potência. Seremos capazes de instigá-los? Seremos capazes de instigar nós mesmas? O sorriso estica de orelha a orelha. É nervosismo. É expectativa. É querer. É amor. São Eles! São Eles! Após um mês de preparativos, de sofridas decisões, de troca de idéias, aqui estão eles... Eles também nos observam, se fragmentam em expectativas das mais diversas, trocam olhares que querem decifrar. Os que aceitam a mensagem dos primeiros poemas permanecem. Pensar um texto é olhar para si mesmo e deixar que ele, demoradamente, te olhe. Nossa fala é prisma. Ela se quer multicor e multidirecional. Não há como controlar os efeitos dos seus raios.

Tinha comigo algumas folhas em branco. Metamorfose. A tradição de outras letras recebe o nosso calor e nossa crítica. O que nelas se imprimiu: fragmentos de nós à procura de novos afagos... Infinitamente.

Gabriela

História de Nós

Nos encontros em que preparávamos, eu , Gabi e Karen, a oficina “Escrevivendo” para uma nova turma que se formaria, discutíamos o objetivo do Projeto, sua razão de ser, sua essência!Claro que nosso foco era a escrita, a produção textual, mas o caminho a ser seguido era nosso real objeto de discussões. Ao longo do processo alguns caminhos foram traçados, algumas escolhas foram feitas: era a nossa vontade de que fosse verdadeiro, de que fosse vivo e pulsante, de que fosse a descoberta de novas sensações, uma abertura para novas paixões. Este foi o sentido que atribuímos ao nosso trabalho, o que acreditamos que era o “direito á Literatura” e conseqüentemente e naturalmente o “direito a escrita”. Quando tudo já era uma grande paixão nos debruçamos sobre os diversos tipos de artes; músicas, figuras, filmes, prosa e poesia em seus diversos gêneros, a fim de apagar os limites que nos foram impostos para a contemplação das artes. Derrubando as barreiras que nos separam o tempo todo, entendemos que o “outro” tinha que vir mais perto, tinha que se sentar ao lado, tinha que nos tocar, tinha que nos transformar, nos perturbar,ele deveria inverter os lugares e de repente no confundir, nos invadir e nos deixar sem saber...nós, perdidos numa parte de alguém sem parte, num vazio cheio de possibilidades, numa fusão ou diluição. Então o “outro” começou a nascer como uma “flor no asfalto”, deslocado, mas flor, se olhou no espelho tinha muitas faces, rompeu, mais uma vez, estilhaçado.... pode então olhar com olhos de dentro e perguntou: quem sou eu?

Lívia

O outro em mim

Olá pessoal!

A oficina de escrita do Projeto "Escrevivendo", na Casa das Rosas, começou no dia 2/10/2008, quinta-feira, com um encontro muito especial entre pessoas que se reúnem para fazer o exercício de pensar!

Nosso tema é bastante sugestivo: o outro em mim???

Quantos outros em mim habitam? Eu sou trezentos, sou mil, sou só, sou triste, espelho, infinito, vazio, ponte, face, porta, encontro, mistério????????? A resposta é a representação de cada um e o texto é o lugar de construí-la!

A nossa oficina é o espaço para viver o texto, para sentí-lo, para refletí-lo...soltemos as palavras no ar, na boca, na folha, no tempo...

Lívia